O bem-estar psicológico dos pacientes que passam por uma cirurgia para remoção de câncer de pele no rosto é diretamente afetado pelo resultado final da cicatriz cirúrgica, conforme aponta o estudo “Importance of physical appearance in patients with skin cancer”, realizado na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos.
A reconstrução da ferida operatória é realizada em cerca de 90% dos casos após a remoção de carcinomas basocelulares e espinocelulares, tipos mais comuns de câncer de pele. Quando localizados no rosto, o tratamento mais indicado para remoção desses tumores é a cirurgia micrográfica de Mohs, pois a técnica tem maior taxa de cura do que a cirurgia convencional, e, além disso, preserva pele sadia levando a menores cicatrizes. É essencial que a sutura da ferida seja minuciosa, pois isso interfere diretamente no resultado estético do procedimento, sendo possível muitas vezes deixar a cicatriz pouco aparente quando técnicas adequadas são utilizadas.
Para o cirurgião de Mohs, Dr. Felipe Cerci, é necessário ter atenção aos mínimos detalhes na hora da reconstrução. “O resultado afeta diretamente a qualidade de vida, a saúde psicológica e o bem-estar do paciente. Além da parte estética que é fundamental, temos que pensar na questão funcional de regiões como a pálpebra (visão), nariz (respiração) e lábios (fala, alimentação)”, ressalta.
Para o especialista, o cuidado com o resultado da cicatriz deve ser levado a sério. “Claro que o principal ponto é a cura do câncer de pele, mas também devemos nos preocupar em reconstruir a ferida da melhor forma possível, para que restaure a anatomia mais próxima ao natural. Sempre que reconstruo uma ferida, imagino que é o meu rosto (ou da minha esposa) que estou reconstruindo”.
Cerca de 10% das feridas não precisam ser reconstruídas. Nesses casos, ocorre a cicatrização espontânea, ou seja, sem a necessidade de pontos. Cerci explica que isso é possível para tumores de pele considerados pequenos: “São feridas muito superficiais, em áreas côncavas como no canto dos olhos – próximo ao nariz. Nessas situações podemos esperar a cicatrização apenas com a troca diária de curativos”.
LANÇAMENTO DE LIVRO – Com o objetivo de auxiliar os colegas cirurgiões a restaurar feridas operatórias após uma cirurgia de Mohs, os Drs. Felipe Cerci (Brasil) e Stanislav N. Tolkachjov (EUA) lançam o livro inédito em todo o mundo “Combination Facial Reconstruction after Mohs Sugery: A Case Based Atlas”.
Segundo Tolkachjov, o livro ficou muito prático e de fácil estudo. “Os textos estão dispostos em forma de tabela, temos o passo a passo, prós e contras de cada uma das técnicas de reconstrução e muitas fotos intraoperatórias, com os pontos e etapas chaves da reconstrução, para facilitar o entendimento do leitor”.
O livro é inédito por ser o primeiro a focar apenas em reconstruções combinadas, que são as realizadas utilizando mais de uma técnica como, por exemplo, o uso de dois retalhos, ou um retalho e um enxerto.
Cerci relata que a ideia surgiu durante uma conversa em um congresso. “Foram anos de produção com muita cautela na seleção dos casos e das fotos. Dividimos o livro em unidades anatômicas (orelhas, lábios, nariz, bochecha, pálpebra, etc) para facilitar o aprendizado. Como esperado, foi um trabalho extenso, mas que com certeza valeu a pena. Esperamos que o livro auxilie os colegas cirurgiões que muitas vezes precisam ser criativos na combinação de técnicas na hora de reconstruir uma ferida”.
O livro é composto por 61 capítulos subdivididos em sete grupos de unidades anatômicas, com mais de 80 casos cirúrgicos e quase 600 fotos de cirurgia.
A obra está disponível na Amazon para vários países do mundo.