O carcinoma espinocelular, também conhecido como carcinoma epidermoide, é o segundo tipo mais frequente de câncer de pele no Brasil e no mundo. Tende a crescer mais rapidamente que o carcinoma basocelular e, se não tratado, pode se espalhar para outros locais do corpo, principalmente quando tem mais de 2 cm e é profundo. Localmente pode invadir estruturas vizinhas causando complicações. Se tratado no início, não apresenta risco de vida.
Áreas expostas ao sol, especialmente na cabeça, no pescoço e nos braços.
Geralmente, o carcinoma espinocelular é indolor e não coça. Em alguns casos, pode sangrar após trauma leve como encostar a toalha, ou de forma espontânea. Raramente, pode invadir um nervo (invasão perineural), sendo um dos sintomas dor e formigamento.
A maioria dos carcinomas espinocelulares é causada por exposição a longo prazo à radiação ultravioleta (UV) da luz solar.
– Exposição solar ao longo da vida, incluindo a infância e adolescência. O dano da radiação ultravioleta é cumulativo, ou seja, mesmo após um longo período sem se expor ao sol, o câncer de pele pode se desenvolver.
– Pessoas de pele, cabelos ou olhos claros. Entretanto, também é comum em pessoas de cabelos castanhos e/ou com pele morena.
– Aumento da idade. A maioria dos carcinomas espinocelulares ocorre em pessoas com mais de 60 anos. Mas também pode afetar adultos mais jovens.
– História pessoal ou familiar de câncer de pele.
– História pessoal de ceratoses actínicas, que são lesões pré-malignas e podem evoluir para carcinoma espinocelular quando não tratadas.
– Pacientes que foram submetidos à radioterapia por outras causas podem desenvolver carcinoma espinocelular na região tratada.
– Uso de medicamentos imunossupressores (que suprimem o sistema imunológico).
– Certas doenças genéticas raras podem aumentar o risco de carcinoma basocelular, incluindo xeroderma pigmentoso.
– Úlceras crônicas. Carcinomas espinocelulares podem, raramente se desenvolver em úlceras crônicas.
Quando não tratado, o carcinoma espinocelular pode invadir estruturas profundas como cartilagem, músculo ou osso. Uma minoria de casos pode se espalhar para gânglios ou outros órgãos. Esse risco é maior nas seguintes situações:
– Tumores grandes e profundos.
– Tumores localizados nos lábios ou na orelha.
– Pacientes que usam medicações imunossupressoras (que reduzem a imunidade).
– Evitar exposição solar entre 10h00 e 16h00.
– Usar protetor solar o ano todo, de preferência de amplo espectro e FPS > 30, mesmo em dias nublados.
– Usar óculos escuros e chapéu.
Apesar de não evitar o surgimento do carcinoma espinocelular, visitas regulares ao dermatologista auxiliam no diagnóstico precoce. Além disso, é importante tratar as lesões pré-malignas (ceratoses actínicas) para evitar que progridam para carcinoma espinocelular.
Muitos tumores podem ser diagnosticados pelo exame físico. Geralmente é realizada uma biópsia de pele que, além de confirmar o diagnóstico, ajuda a definir as características do carcinoma espinocelular, influenciando diretamente na escolha do tratamento.
A escolha do tratamento depende de alguns fatores como local da lesão, se é invasor ou superficial (in situ), tamanho, se é bem ou mal delimitado, e se é recidivado (já tratado anteriormente). Tumores localizados no rosto geralmente têm indicação cirúrgica, pois é o tratamento com maior chance de cura.
Cirurgua Micrográfica de Mohs
É o método com a maior taxa de cura e que possibilita preservar pele sadia. Durante o procedimento, as margens cirúrgicas são removidas e examinadas no microscópio até que não restem células tumorais. Isso permite que o cirurgião de Mohs tenha certeza de que todo o câncer foi removido sem sacrificar pele saudável.
A cirurgia de Mohs normalmente é indicada na presença de ao menos um dos critérios abaixo:
– Tumores no rosto.
– Bordos mal delimitados.
– Tumores recidivados.
Cirurgia Convencional
Neste procedimento, o médico retira o tumor visível e uma margem ao redor aparentemente saudável (“margem de segurança”). O tecido removido é examinado no microscópio dias depois e em pequenas amostras (cerca de 1% das margens são avaliadas).
A cirurgia convencional é indicada para boa parte dos carcinomas espinocelulares, geralmente localizadas no tronco e membros. Também pode ser realizada no rosto, mas implica na remoção de mais pele ao redor do tumor (“margem de segurança”).
Curetagem e Cauterização
Esse método consiste em remover a superfície do câncer de pele com um instrumento de raspagem (cureta) e depois cauterizar a base do câncer com um bisturi elétrico. Pode ser uma opção para o tratamento de carcinomas espinocelulares in situ localizados no tronco e nos membros. Em alguns casos, a curetagem pode ser realizada sem a cauterização.
Radioterapia
A radioterapia utiliza feixes de alta energia para matar células cancerígenas. Pode ser indicada quando o paciente não pode ser submetido à cirurgia. Em raros casos (quando há invasão de algum nervo grande pelo câncer, por exemplo), radioterapia é usada como tratamento complementar após a cirurgia.
Criocirurgia
Este tratamento envolve o congelamento de células cancerígenas com nitrogênio líquido. Pode ser uma opção para o tratamento de carcinomas espinocelulares superficiais (in situ) e localizados no tronco ou membros.
Tratamentos Tópicos
Cremes ou pomadas podem ser considerados no tratamento de carcinomas espinocelulares superficiais (in situ) localizados em áreas como tronco e membros.
Terapia Fotodinâmica
Este tratamento consiste na aplicação local de um medicamento que torna as células cancerígenas sensíveis à luz. Em seguida, a área é exposta à luz, que destrói as células cancerígenas.
Devido à limitada penetração na pele, a terapia fotodinâmica é apenas indicada para carcinomas espinocelulares superficiais (in situ). Mesmo nesses casos, a taxa de cura é inferior à cirurgia.